Dia 28/04/2017 EU VOU PRA RUA!!!
Manipulação
Reforma da Previdência. Esse é o tema
do momento. Mas para leigos como nós, que não
conhecemos a fundo os detalhes do problema, fica uma enorme
dificuldade para saber quem está com a razão. Sabemos
que é importante, mas temos a sensação clara de
que não estão nos contando tudo e estamos sendo
manipulados de alguma forma, não é?
Uns falam que não há outra saída,
outros dizem que sobra dinheiro, mas pouca gente fala o que ela
significa realmente em nossas vidas.
Para decidir será preciso ir além da
questão econômica e observar o tema de forma mais
abrangente.
A nossa previdência social é baseada
num acordo entre as gerações, no qual quem paga hoje
acredita que quando se aposentar, os pagantes do futuro sustentarão
sua aposentadoria como ele hoje sustenta os atuais aposentados.
Esse pacto tem apresentado muitos problemas, uma
vez que o valor da aposentadoria tem decrescido bastante com o passar
dos anos e quem contribuiu a vida toda pelo teto, se depara com uma
aposentadoria que dificilmente supera 3 salários mínimos.
Ou assiste o poder de compra dos seus vencimentos caindo
vertiginosamente já logo nos primeiros anos.
Reforma necessária ou não
Há vários complicadores no problema
da previdência. O maior, sem dúvida é o impacto
que a DRU (Desvinculação das Receitas da União)
produz sobre ela. Esse nome pomposo significa que de tudo que é
arrecadado pelo governo federal, uma parte significativa é
desviado do seu objetivo inicial para permitir ao governo promover
suas políticas econômicas. É um fato que sem esse
desvio de recursos, que foi instituído há mais de 20
anos, sobraria dinheiro na previdência. Mas faltaria para uma
série de outros programas de incentivo como a desoneração
da folha, o Bolsa Família e o "bolsa empresário"
(que é um apelido para o subsídio que os grandes grupos
econômicos recebem através de uma redução
na taxa de juros ao pegar dinheiro emprestado).
Além disso, em virtude de estarmos vivendo
mais, há um problema de envelhecimento da população
que vai fazer com que haja mais gente aposentada e menos gente
contribuindo no futuro.
Poderíamos também lembrar que vários
grupos se aposentam sem ter contribuído, como é o caso
da aposentadoria rural, ou contribuído pouco, como os
políticos e as viúvas jovens de aposentados idosos.
Por tudo isso, me parece que há necessidade
de alguma reforma, mas para que ela seja legítima, precisamos
de um debate profundo que envolva toda a população. E
sinceramente, não parece que isso está acontecendo
nesse momento.
Cálculo atuarial confiável
Em primeiro lugar, falta um cálculo
confiável sobre a situação atual. Já
aconteceram várias reformas. A última, no governo
Dilma, com a criação do FUNPRESP, praticamente unificou
os valores das aposentadorias dos novos funcionários públicos
às do setor privado e isso vai produzir impactos, bons e
ruins, nos próximos 30 anos. Mas não vejo isso levado
em conta nas informações disponíveis.
Também não vejo a discussão
sobre a utilidade para o país das renúncias fiscais e
demais políticas econômicas como a manutenção
da DRU e sua efetividade no desenvolvimento. Sinceramente, me parece
que estaríamos melhor sem elas.
Por último, não vejo estudos sérios
sobre o impacto da reforma sobre a demanda agregada (sobre os gastos
das pessoas e empresas)
Impacto Econômico da reforma
Essa reforma nitidamente retira dinheiro das mãos
da população de aposentados e os coloca nas mãos
de empresários e governo, na esperança que este
dinheiro ali produza mais empregos.
Tenho muita dificuldade em aceitar essa ideia,
pois pode-se comprovar que o dinheiro nas mãos de gente mais
rica desloca-se em parte do consumo para a poupança e com
isso, da economia real para a economia financeira. Esse deslocamento
pressupõe que a riqueza é fruto da poupança e
não dos gastos, ou em outras palavras, que se gerariam mais
empregos ao se colocar dinheiro nas mãos dos ricos do que nas
dos pobres.
Isso não me parece verdade, pois o rico
pode financiar o investimento com o acesso que tem ao crédito
e o dinheiro retirado do pobre diminui o mercado consumidor. E, em
última análise, as pessoas investem porque há
compradores. Assim, diminuir o dinheiro de quem compra, não
ajuda muito no desenvolvimento.
Eles não me representam
É certo que há muitos líderes
demagogos, de esquerda e direita, que ontem estavam no poder e que
agora tentarão hipocritamente se colocar na defesa da
população. Não acredito que devamos servir de
massa de manobra para essa gente.
Devemos nos diferenciar, mostrando que somos
inteligentes o suficiente para fazer aliança no que nos
interessa, mas sem chegar ao ponto de colocar azeitona na empada
deles.
Recentemente, sofremos ataques inaceitáveis
de gente que dizia nos representar. Isso não perdoaremos. Mas
estaremos lado a lado no que for importante para todos nós,
desde que nos respeitem e não tentem empurrar suas agendas
sórdidas sobre nós.
Por isso vou participar desse movimento.
Em 28/04/17 Eu Vou Pra Rua.